sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Bulling é uma prática inadmissível dentro do contexto escolar, mas por mais que a negamos, ela ocorre com muito mais freqüência do que possamos imaginar. As diferenças incomodam porque a sociedade nos impõe desde muito cedo modelos padronizados de comportamento e estética que passam a ser seguidos como uma verdade única, e sendo assim, todo o restante é considerado esquisito ou inadequado. Mas por outro lado, existem pessoas inatingíveis pela prática do Bulling, porque acreditam no seu potencial humano que independe de formas físicas, condição financeira ou etnia. É um estado elevado de espírito que transforma o Bulling num episódio ridículo para quem o pratica. Pessoas que usam o altruísmo para vencer a exclusão social e acabam virando ídolos. Esses sim são exemplos a serem seguidos, de pessoas fortes que usam a diferença a seu favor. Porque a diferença nos torna únicos, especiais, importantes.
De qualquer forma, não há uma lógica, nesse conceito torto de diferença, onde uma minoria nacional é que dita esse padrão. Somos, na grande maioria negros, ou Afrodescendentes como “sugere” a moda, gordos, pobres, de estatura baixa, com uma formação educacional e intelectual precária, caipiras, de beleza exótica, enfim, uma miscelânea humana dentro de um país abençoado pela diversidade. O Brasil de natureza gigante, de muitas cores e muitas espécies, de muitos cantos e de muitas referências históricas e culturais... O Brasil de muitos povos, todos cheios de esplendor, de beleza... Um Brasil que por si só, nega a igualdade, o formato único, o padrão.

Geraldinho gordinho


Que delicia de vida tinha Geraldinho
Entre doce, sanduíche, refrigerante e salgadinho
Suas roupas eram largas tamanho gg
E seu programa preferido era assistir TV

A família o chamava de querido e fofinho
E as bochechas lhe apertavam com muito carinho
Para a mãe o seu peso era saúde total
E para o seu pai era força vital

Mas lá na escola tudo era diferente
Geraldinho nem era tratado como gente
Balofão, rolha de poço, corpinho de elefante
E no recreio só ficava sozinho, bem distante

Geraldinho era gordo só pensava em comer
Geraldinho era lerdo não podia correr
Geraldinho era feio, gordinho demais
Geraldinho era sempre deixado pra trás

No corredor um cartaz sobre um grande momento
A primeira edição de um show de talento
E a turma em zombaria a rir da sua pança
Foram lá e o inscreveram no concurso de dança

Da autoestima de Geraldo não sobrava nem um fio
Então muito decidido topou o desafio
Em casa trocou a TV por um CD
Afastou o sofá e treinou pra valer

Dançava muitas horas, sete dias por semana
E não é que o menino remexia bacana!
Tinha ritmo, vontade e era muito esforçado
E aos poucos descobriu que também tinha gingado

E na escola nem ligava para tanta zoação
Porque lá no fundo tinha uma forte intuição
Dançaria como ninguém acreditava ser capaz
E no dia seguinte o deixariam em paz

No momento do show uma grande surpresa
Geraldinho dançando era pura leveza
Era funk, rap, soul e ate dança axé
Animou toda a galera, acredite se quiser

Os garotos queriam imitar Geraldinho
E as meninas suspiravam com o remelexo do gordinho
Todo mundo gritava: ele merece ganhar!
E assim arrebatou o primeiro lugar
Geraldinho era o máximo, sabia dançar
Geraldinho era imbatível, botava pra quebrar
Geraldinho era fofo, um perfeito namorado
Geraldinho era incrível, o rei do rebolado!

Os colegas queriam uma dica pra aprender
A fazer brigadeiro, pipoca e frape
Geraldinho mal podia caminhar pelo recreio
Todo mundo o rodeava pra falar sobre o torneio


Geraldo era o sapo que príncipe virou
E uma linda namorada ele assim arranjou
Ser gordinho já não era mais nenhum problema
E é essa a lição desse nobre poema

E de tanto dançar ele até emagreceu
E toda aquela barriguinha logo desapareceu
Mas ninguém mais se importava se ele era gordinho
Para todos ele apenas era o incrível Geraldinho!

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